História da música cristã-gospel

Música Gospel (do inglês, "Gospel"; em Português, "boas novas") é uma composição escrita para expressar a crença individual ou de uma comunidade com respeito a vida cristã, assim como, de acordo com seus gêneros musicais variados, também oferece uma alternativa, ao povo cristão, à música secular convencional. Como outros gêneros de música cristã, a criação, a performance, a influência, e até mesmo a definição de música gospel varia de acordo com a cultura e o contexto social. A música gospel é escrita e executada por muitos motivos, desde o prazer estético, com motivo religioso ou cerimonial, ou como um produto de entretenimento para o mercado comercial. Contudo, o tema principal na maioria das músicas gospel é o louvor e adoração a Deus, Cristo, e/ou oEspírito Santo.


Etimologia da palavra gospel

Em inglês, "gospel", derivada do Inglês antigo "God-spell" que significa good tidings, ou Good News, em Português, "boas novas," aludindo ao Evangelho Bíblico que nos narra as "boas novas ao mundo"---ou seja, a vinda de Cristo ao Mundo---, pelos livros dos Evangelhos Canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Uma tradução literária da palavra grega, euangelion para o Inglês eu- "good", -angelion "message", que significa em Português, boa mensagem". Originalmente, no Grego Clássico, angelion referia-se a gorjeta que se dava ao mensageiro que entregava uma (eu = boa) mensagem ("o antigo correio"), mas já dos anos de Cristo a palavra se cunhou no significado de "mensagem". A palavra grega, euangelion é também a fonte do termo "evangelista". Os autores dos Evangelhos Canônicos Cristão são conhecidos como os evangelistas. Geralmente, nos EUA, o termo Gospel é uma referência a trabalhos do gênero de literatura cristã antiga.[1]
Antes do primeiro evangelho ser escrito (Marcos, c65-70 dC)[2], Paulo, o Apóstolo, usou o termo euangelion quando ele lembrou ao povo da Igreja de Corinto: ...o evangelho que vos anunciei... (I Coríntios 15:1).[3] Paulo asseverou que eles estavam sendo salvos pelo Evangelho, e ele caracterizou nos termos mais simples, enfatizando a aparição de Cristo após a Sua Ressurreição (15:3-8).[3]
O uso extensivo mais cedo de "euangelion" (gospel) para indicar um gênero específico de escrever datas ao Século II: o Bispo Justino Martyr, por volta do ano 155 dC, em "1 Apologia LXVI," escreveu:"... os Apóstolos, nas suas memórias escritas por eles, a qual são chamada de Evangelhos."[4]
Na Introdução ao Velho Testamento de Henry Barclay Swete, páginas 456[5]-457,[6] diz:"Euangelion no LXX ocorre somente no plural, e talvez somente no sentido clássico de uma recompensa pelas boas notícias" (II Sam. 4:10; 18:20; 18:22; 18:25-27[7] e II Reis 7:9.[8] No Novo Testamento o termo aparece apropriadamente as circunstâncias das boas novas Messiânica (Marcos 1:1; 1:14),[9] provavelmente derivando este novo significado do uso Euangelion em Isa. 40:9; 52:7; 60:6 e 61:1.[10]
No Novo Testamento, o "evangelho" significava a proclamação do poder da salvação de Deus através de Jesus de Nazareth, ou da mensagem do Ágape proclamada por Jesus de Nazareth. Este é o uso no Novo Testamento original (por exemplo: Marcos 1:14-15[9] ou I Coríntios 15:1-9;[3] veja também "G2098 de Strong")[11]. A palavra ainda é usada neste sentido.

A história da música gospel

Ainda que o termo, "Música Gospel", possa abranger um campo da Música muito vasto, seus estilos, embora com nomes variados, possuem todos uma mesma essência e raiz---a música cristã negra nos Estados Unidos da América. Talvez um dos velhos estilos da música negra que realmente se aproximou do Gospel, foi o Negro Spirituals (em Português, as canções harmoniosas dos "Espirituais dos Negros").O foco desta breve história é a música que fluiu da igreja Afro-americana e inspirou uma cornucópia de corais modernos, artistas do mercado Rhythm & Blues, e o atual Gospel contemporâneo, além de outros estilos musicais do gênero.Alimentado pela gigantesca indústria multi-bilionária de gravação musical nos EUA, o "pequeno infante" da música Gospel pulou do seu berço humilde e cristão e atravessou as muralhas da igreja para um mercado bem diferente do mundo atual. E, o Gospel continua a crescer. De acordo com a revista Norte-americana, Gospel Today, dentre 2003 e 2008, sete gravadoras criaram divisões especiais somente para lidar com artistas Gospel; as estatísticas da mesma publicação indicaram que os selos independentes cresceram 50%, e o rendimento das vendas só de música Gospel chegou a triplicar nas últimas décadas, de US$180 milhões de dólares em 1980 a US$500 milhões em 1990. [12]

Origens

Thomas A. Dorsey (1899-1993), compositor de sucesso tipo There Will Be Peace in the Valley, é considerado por muitos, O Pai da Música Gospel. No início de sua carreira ele era um importante pianista de Blues, conhecido aliás por Georgia Tom. Ele começou a escrever Gospel depois que ouviu Charles A. Tindley (1851-1933) numa convenção de músicos na Filadélfia, e depois, abandonando as letras mais agressivas de outras canções, não abandonou, contudo, o ritmo de Jazz tão parecido com o de Tindley. A Igreja inicialmente não gostou do estilo de Dorsey e não achou apropriado para o santuário, na época. Em 1994, após o seu falecimento, a revista Norte-americana, Score, publicou um artigo com o título: The Father of Gospel Music (em português, "O Pai da Música Gospel"); neste artigo a revista declara que quando Dorsey percebeu, no início de sua carreira com o Gospel, que muita gente estava brigando contra a música Gospel, ele estava "determinado para carregar a bandeira" a favor do Gospel, bem entendido. Assim ele fez. Ele investiu em 500 cópias da canção dele, If you See My Saviour (em português, "Se Você Ver o meu Salvador") e enviou para diversas igrejas do país. Levou quase três anos para ele conseguir mais pedidos da música e ele quase retornou a tocar o Blues. Mas Dorsey não desistiu e com ajudas de outros bons músicos ele foi em frente. Trabalhou com as cantoras, Sallie Martin (1896-1988) e Willie Mae Ford Smith (1904-1994), escreveu centenas de músicas Gospel e testemunhou a sua música subir no púlpito das igrejas--aonde, uma vez, recusaram ela de subir! Dorsey fundou a Convenção Nacional de Corais Gospel nos EUA , em 1932, uma organização que ainda existe até hoje.

O desenvolvimento do Gospel

Muitos outros novos nomes apareceram. talvez fossem "prisioneiros de uma velha corrente, mas agora estavam salvos" prontos para alimentar a nova corrente do Gospel, como Mahalia Jackson, Clara Ward e James Cleveland.Mahalia Jackson (1911-1972) foi convidada para cantar no televisionado Ed Sullivan Show, minutos antes do eternizado discurso pró-liberdade negra de Martin Luther King, que ele disse as palavras certas na hora certa: I have a dream (em Português, "Eu tenho um sonho"). Mahalia acabou sendo a convidada para cantar durante a cerimônia do funeral do Rev. King; talvez, como num toque de mágica, ela escolheu uma canção de Dorsey: Take My Hand, Precious Lord (em Português, "Segure a minha mão, Amado Pai").Clara Ward (1924-1973) junto ao The Ward Singers, foi uma artista com presença e substância. Sua canção Surely God is Able foi comentada como o primeiro disco de platina após a Segunda Guerra Mundial. Mas esta informação não pode ser confirmada pois a RIAA mantém que Edwin Hawkins Singers foi o primeiro vencedor do disco de ouro com um Gospel, em 1968, com o famoso sucesso, Oh, Happy Day, desde que a RIAA começou a manter as estatísticas nas vendas dos discos, mas Ward influenciou muitos artistas com seu estilo, incluindo nomes como Little Richard eAretha Franklin, que mantém que Ward era seu ídolo.[12]James Cleveland (1932-1991): se Dorsey foi aclamado, por muitos da indústrias e seus seguidores, como o pai da música Gospel, o cantor Cleveland foi coroado, pelos seus admiradores, "The King of Gospel" (em Português, "O Rei do Gospel"). Ele recebeu nada menos do que quatro GRAMMYs, incluindo um póstumos pelo seu álbum Having Church. Assim como Clara Ward, James Cleveland tinha muita presença com sua audiência. Ele não teve uma reputação de ter uma boa voz, mas ele conseguia agradar a todos que o ouvia. O seu grande feito foi fundar sua organização, em 1967,Gospel Music Workshop of America, considerada a maior convenção de Gospel do mundo, hoje, com mais de 185 escritórios de representações distribuídos pelos EUA.

O gospel no mercado comercial moderno

O Gospel Moderno em sua forma original era geralmente interpretado por um solista, acompanhado de um coro e um pequeno conjunto instrumental. Grandes intérpretes da música norte-americana começaram assim, como cantores de Gospel nas igrejas. É o caso de Mahalia Jackson, Bessie Smith e Aretha Franklin, além de Ray Charles. O Gospel foi também se influenciando, assumindo formas às vezes surpreendentes em se tratando de música religiosa. É o caso dos quartetos Gospel, surgidos após a Segunda Guerra Mundial, com suas músicas gritadas, suas danças cheias de sacolejos e roupas extravagantes. "Nesta fonte foi beber", o Rock dos anos 50, desde "Bill Haley e seus Cometas", passando por Jerry Lee Lewis, até Elvis Presley nos anos da década de 1960.
Comercialmente e na forma que tem, atualmente, a música cristã estourou nos Estados Unidos a partir dos anos 70. O rock, em mais uma volta da história, passa a ser o carro chefe da música cristã. Todavia, outros ritmos como o funk e o reggae também são por ela adotados. Bandas como Stryper (heavy metal), de Los Angeles, tocam música cristã, ou Gospel. Grandes espetáculos se organizam por todo o país e cada vez mais emissoras de rádio criam programações gospel. Hoje o prêmio GRAMMY, considerado o Oscar da música, inclui a categoria Gospel, além da música cristã para premiar seus talentos com o Prêmio Dove Awards.
Na música cristã internacional destacam-se atualmente Michael W. Smith, os grupos Vineyard, Hillsong Music Australia, Kirk Franklin; e nos anos 90, os ministérios Hosanna!Music, Maranatha; as bandas Petra, Guardian, Bride; as cantoras Amy Grant, Crystal Lewis, entre outros.
Ainda na vertente metal, surgiram bandas como: Tourniquet e Mortification que elevaram o "metal gospel" à categoria, segundo seus fãs, de grande qualidade.
O cenário do "rock cristão" teve como grande nome e destaque a banda Petra, dos Estados Unidos, umas das pioneiras do estilo em todo o mundo.

Elvis Presley e o gospel

Sem dúvida Elvis Presley foi um dos maiores divulgadores desse gênero musical durante todo o século 20. Elvis adorava esse tipo de música, inclusive, tanto quanto rock, blues, R&B, country emúsica erudita.
Desde a década de 50 ele já incorporava em seus álbuns e canções algumas influências desse gênero tipicamente americano. Como exemplo podemos citar, o acompanhamento vocal do grupo gospel "The Jordanaires", logo depois, no final da década de 60 até o começo da década de 70, vieram os "The Imperials" e durante a mesma década os "The Stamps", com a participação de J.D. Sunmer e até mesmo um grupo vocal feminino de nome "Sweet Inspirations" e de outra cantora chamada "Kathy Westmoreland".
Elvis lançou quatro álbuns gospel; Peace In The Valley em 1957, His Hand in Mine em 1960, How Great Thou Art em 1967, considerado um dos "divisores de águas" em sua carreira e He Touched Meem 1972. Para se ter a real noção do que Elvis representou para o gospel americano, ele ganhou três GRAMMYs por suas interpretações gospel, em 1967, 1972 e 1974. Já em 2001 ele entrou para o"Hall da fama" do gospel, deixando para sempre marcado o seu nome nesse gênero musical americano tão importante e influente.
Entre os seus sucessos gospel estão, "Peace in the Valley", "Crying in the Chapel", sucesso mundial em 1965, "How Great Thou Art" entre outras. Muitos o consideram um dos maiores intérpretes desse gênero tipicamente sulista nos EUA.

Gospel no Brasil

Na música sacra no Brasil
Ainda no Século XIX, durante o alge do movimento dos revivalistas, Moody, Spurgeon, Torrey e outros, os Hinos Evangelísticos (Gospel Hymns) já foram surgindo. Composições de vários autores chegaram ao Brasil para o Culto Evangélico. Obras de Philip Paul Bliss; James McGranaham; Ira David Sankey; George Stebbins; Fanny Crosby e outros mais. As músicas claramente não eram as mesmas tradicionais dos grandes corais da tradição Protestante; eram mais simples, mas eram músicas voltadas para uma audiiência grande, em grandes galpões ou até mesmo praças públicas.[14]Com a vinda de missionários estrangeiros, principalmente batistas e presbiterianos americanos. As igrejas protestantes então adotaram muitos destes hinos de origem estrangeira, alguns com a influência americana do "gospel". Hinários inteiros foram traduzidos e editados, como o "Salmos e Hinos" , "Harpa Cristã" e "Cantor Cristão". A partir do final da década de 60, grupos nacionais comoVencedores por Cristo (VPC), entre outros, começaram treinamentos de formação de músicos e viagens para divulgação, começando então a influenciar o estilo de músicas de todas as igrejas evangélicas do Brasil.A música Gospel no Brasil se populariza comercialmente no final da década de 80, quando entram em evidência ministérios de louvor como Koinonya, Katsbarnea, Voz da Verdade, Vencedores por Cristo, entre outros. Desde então esse mercado só vem crescendo. Hoje o Brasil conta com mais de 100 gravadoras voltadas para esse estilo. Dentre elas destacam-se o Grupo MK Publicações e a gravadora Line Records que juntas são responsáveis por uma grande cota no comércio fonográfico gospel.

Fonte: Wikipedia

Nenhum comentário: